sexta-feira, 11 de março de 2011

Clube de Leitura.......2.0!!!

"Na bela e nunca por demais celebrada cidade de Lisboa, urbe das urbes, afamado remanso de brandura, nimbado de zimbórios e palmeiras, a moda das tartarugas exóticas começou um dia a fatigar." (p.11)

É assim que começa o livro A Arte de Morrer Longe, de Mário de Carvalho, o livro discutido na segunda reunião do Clube de Leitura. Arnaldo e Bárbara, as duas personagens principais, vão separar-se. Apenas uma coisa os une, uma tartaruga (tão amada que nem sequer tem nome), que se mantém ignorante às cabeçadas no aquário. É precisamente ao tentarem livrar-se dessa tartaruga que a história se desenrola. 

"A tartaruga não deu qualquer atenção à controvérsia que se seguiu e que ditava o seu destino. De facto, ela foi lona e bem integrada no contexto da separação, irradiante de insinuações e pequeninas perfídias, concentrando sentimentos negativos e dando ocasião a rebuscadas figuras de estilo, dentro dos limites daquilo que habitualmente se considera uma «discussão civilizada»." (p.17)

E o que simboliza afinal a tartaruga?
Isto foi apenas uma das muitas perguntas levantadas na nossa discussão sobre o livro. Para uns, a tartaruga representava aquilo que unia o casal, pois era a única coisa que tinham em comum. Outros acharam que simbolizava os problemas na sua relação, e tal como eles tentam livrar-se da tartaruga, deveríamos livrar-nos dos nossos problemas, pois estes só nos impedem de viver felizes. Concluímos que a tartaruga pode ter vários significados e o próprio escritor tem uma visão diferente da nossa, como se pode ver neste excerto de uma entrevista.

"O Arnaldo e a Bárbara serão num contexto social uma espécie de equivalente àquela tartaruga que têm em casa, à cabeçada nas paredes de acrílico?
Sim, são personagens presas num mundo que não compreendem. Um mundo de que não conseguem ver os limites, de que não conseguem interpretar os sinais e de que não conseguem sair. 
Tal como a tartaruga, que não vê com nitidez aquilo que se passa à sua volta.
Exactamente. E que está contida na sua caixa de acrílico. Sente sinais de fora- há sombras, ruídos  -mas não os entende. Tem muito que ver com a nossa condição, isso de estarmos fechados, enclausurados e de recebermos sinais de outro lado que não conseguimos interpretar." 
Revista LER, Maio 2010, p. 86

No geral, todos gostaram do livro, embora muitos achassem o estilo de escrita e o vocabulário com elementos pouco "ortodoxos", o que confunde o leitor no início. Ler este livro é semelhante a ver um filme, na medida em que certas cenas são interrompidas por outras completamente diferentes. O autor designou este estilo de escrita "Cronovelema".

"Chamei-lhe "cronovelema" exactamente por vir na pista de Era Bom Que Trocássemos Umas Ideias sobre o Assunto, Fantasia para Dois Coronéis e Uma Piscina e outros anteriores. Este é um livro em que já não estamos no século XX. Isto já tudo mudou."
Revista LER, Maio 2010, p.36

A história mostra a vida das pessoas de uma forma actual e interessante. Por isso, recomendamos este livro. Além disso, é pequeno e fácil de ler.

Deixamos, para finalizar, alguns sites que podem consultar.
  • http://aeiou.visao.pt/a-arte-de-morrer-longe=f556053
  • http://cadeiraovoltaire.wordpress.com/2010/04/01/a-arte-de-morrer-longe-de-mario-de-carvalho/

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