segunda-feira, 30 de maio de 2011

A propósito do Clube de leitura

Já que nunca chegámos a realizar uma segunda sessão do Clube de leitura (embora tenhamos iniciado algo que esperemos que venha a continuar para o ano), deixo aqui um excerto de uma pequena entrevista com Mário de Carvalho (autor do livro A Arte de Morrer Longe, discutido na primeira sessão do Clube de leitura), presente na “FnacMAG” de Maio de 2011. Embora esta entrevista seja referente ao seu novo livro O Homem do Turbante Verde, existem alguns aspectos que também se aplicam ao livro A Arte de Morrer Longe.

Como explica o interesse, cada vez maior, pela narrativa curta?
Os leitores são porventura cada vez mais letrados e informados. Sabem que o conto  produziu não poucas obras-primas da literatura universal. Gostam de ser seduzidos e surpreendidos. Também na tradição portuguesa há contistas magníficos daqueles que nunca morrem. Não vale a pena encher a página de nomes. Sem o conto nas suas variadíssimas formas não podemos passar. Faz parte da natureza humana.

O conto é um género literário que obriga a uma grande contenção narrativa? Que diferenças estéticas e de estruturação exige ao autor relativamente ao romance?
O Homem do Turbante Verde reúne histórias com alguma extensão. Em várias abordagens, vários tempos, vários tons, vários temas, vários ritmos. O livro organiza-se nessa base, com um fundo de mistério e inquietação.
A contenção tem que ver, sobretudo, com o domínio do material da escrita. A Guerra e Paz com as suas quase mil páginas tem uma escrita contida. Pelo contrário, aparecem por aí certos textos curtos com vocação para a torrencialidade. O que importa é a construção de uma cumplicidade com o leitor competente. Caminharmos ambos no mesmo passo, não necessariamente lado a lado. Pelo menos um de nós a sorrir, entre os sobressaltos.

(…)

A inquietação e a clareza são as “armas” de que não prescinde na sua escrita?
A obscuridade da escrita faz-me sempre lembrar o que um autor grego dizia de um escultor medíocre e das suas estátuas: «não podendo fazê-las belas, fê-las ricas».

E como assume a ironia?
Apiedo-me dos autores que se levam demasiado a sério. Lá no seu assento etéreo, Eça de Queirós continua a rir-se deles. Mas com benevolência.”

O resto da entrevista pode ser lido em http://clubedeleitura.fnac.pt/?p=3427. Aproveitem também, se consultarem a entrevista, para dar uma vista de olhos pelo resto do site. E podem aproveitar para participarem no Clube de leitura da Fnac (não sejam tímidos! Sorriso).

E já repararam numa coisa? Tal como o nosso primeiro livro no Clube de leitura foi do Mário de Carvalho, também a primeira entrevista do clube de leitura da Fnac foi ao mesmo autor. Andamos em sintonia Sorriso.

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